Geopolítica do Petróleo e a Classe Trabalhadora Catuense


Certamente poucas pessoas que lerão este texto não conhecem ao menos uma família catuense impactada com a onda de demissões na indústria do Petróleo. Entre as diversas dúvidas que pairam sobre a cabeça não apenas dos catuenses, mas de milhares de trabalhadores que dependem direta ou indiretamente da indústria petrolífera mundo afora: Quem é o responsável pela crise?
Não tem sido difícil constatar os impactos da crise que vive a indústria petrolífera mundial sobre a classe trabalhadora catuense, sendo o principal deles o desemprego e seus amargos desdobramentos sobre as famílias de trabalhadores/as.

Como toda commodity (matéria prima que possui negociação global), o petróleo tem seu valor medido diariamente nas bolsas de valores, mundo afora, de acordo com a oferta e a procura do mesmo. A vulnerabilidade e a volatilidade presentes no “mercado do petróleo” se traduzem diretamente na geração ou não de emprego e renda mundo afora, ou seja, se em algum momento o “mercado” define que o petróleo valerá menos, a consequência disso é que as empresas produtoras reduzirão fortemente suas produções através de uma serie de medidas que se traduzirão em desemprego na linguagem da classe trabalhadora.
Observando a cotação do preço do petróleo verificaremos que, até julho de 2014, o preço do barril do petróleo valia pouco mais de 100 dólares, hoje, o mesmo barril esta sendo comercializado em torno de 60 dólares. A principal justificativa para esta queda de preço é que a produção hoje supera o consumo, reflexo do desaceleramento das principais economias mundiais como, por exemplo, a China que crescia acima de 10% ao ano, em 2014 cresceu em torno de 7%(menor índice em 24 anos), o que reduziu fortemente o consumo de petróleo e consequentemente sua procura.
Outra fator que impactou a queda do preço do petróleo foi a disputa entre a OPEP (Organização dos Países Exportadores de Petróleo) e os Estados Unidos com seu novo método de exploração de gás e petróleo de xisto.
Com a redução da demanda mundial, esperava-se que a OPEP, reduzisse a produção, para estabilizar o preço do barril de petróleo, mas ela optou por manter a produção nos mesmos níveis, gerando uma brusca queda no preço com o objetivo de inviabilizar a concorrência do petróleo e do gás de xisto dos EUA que tem um alto custo de exploração, mas por outro lado, acabou gerando um efeito muito negativo sobre as econômicas que dependem do petróleo mundo afora.
Compreende-se que o atual patamar do valor do petróleo não interessa a nenhum país produtor por razões lógicas, o que torna o prolongamento desta “guerra” entre EUA e OPEP insustentável para ambas as partes, sendo fato que, de imediato, nada é tão importante quanto a recomposição do preço do petróleo para tornar possíveis novas ofertas de emprego e renda a serem gerados pelo setor, principalmente em Catu e seus “campos maduros”, campos esses que, dadas as suas características, exigem altos volumes de investimentos para a exploração e produção de óleo e gás (algo em torno de U$$35/ barril), onde apenas a elevação do preço do barril justificará novos aportes de recursos, seja por parte da Petrobras ou mesmo das produtoras independentes.


A solução hoje transcende o Atlântico.

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É possível observar o crescente número de pessoas que têm tornado a politica um assunto do cotidiano, fato motivado em parte, pelas acirradas eleições presidenciais do ano passado e o pelo clima de tensão politica instalado desde então, cenário que aponta ainda a intensificação da campanha antipetista. Tudo isso na esteira dos desdobramentos da operação Lava Jato.
A corrida eleitoral atípica de 2014 foi permeada por uma serie de fatos que tornaram o resultado deste pleito imprevisível até o ultimo momento, o que acirrou os ânimos da oposição capitaneada pelo PSDB diante da possibilidade de interromper o ciclo de 12 anos do Partido dos Trabalhadores no poder, oposição essa que contou (e conta) com o amplo apoio dos grandes veículos de comunicação, históricos opositores ao projeto politico popular e democrático do PT para o país dado o seu caráter classista. Não menos incômodo para os “donos” da comunicação é a simpatia do partido pela proposta de regulação da mídia, que diluiria o poder concentrado nas mãos de meia dúzia de famílias (Civita, Marinho, Frias, Saad, Abravanel) detentoras de mais de 90% destes grandes veículos de comunicação, e que fundamenta o grande lobby anti-regulação da mídia, feito por estes e expresso através da “confusão” conceitual difundida por tais meios de comunicação sobre o que de fato seria essa “tal” regulação da mídia, presente em países onde a democracia e a liberdade de expressão estão consolidadas, tais como a França (desde o século XIX), Portugal e Espanha.
Tal fenômeno apresenta apenas um dos tentáculos que justificam a ampla aliança entre a oposição e a mídia, em prol da ofensiva antipetista, aliança esta que vê nas recentes investigações de corrupção na Petrobrás o “combustível” necessário à propagação entre a população do antipetismo, e que conta com instrumentos de amplo alcance tais como os maiores jornais, revistas, emissoras de rádio e TV.
É obvio que qualquer pessoa que preze pelos valores morais e éticos não hesitará em, de cara, concordar com o aprofundamento necessário das investigações e com a punição de todos os envolvidos, independente de sigla partidária. Sabe-se até então que o esquema na BR tem um leque amplo de envolvidos: Funcionários de carreira concursados, um “clube” composto pelas grandes empreiteiras do país e membros de diversos partidos, inclusive o PT, fato este que motivou a aliança oposição-mídia a formular e difundir continuamente a idéia de institucionalizar os erros cometidos por membros da legenda na tentativa responsabilizar, criminalizar, e até propor a extinção do Partido dos Trabalhadores. O fenômeno causa, minimamente, estranheza por dificilmente encontrar respaldo ao analisarmos outros casos construídos na relação pessoas/poder/instituições, em que o caminho que se demonstra mais sensato é o do julgamento das pessoas, não das instituições, a história nos apresenta diversos exemplos: casos de corrupção envolvendo juízes condenados; casos comprovados de pedofilia envolvendo lideres religiosos julgados e condenados, país afora. Em nenhum destes casos verificou-se o julgamento (moral ou jurídico) das instituições em relação aos erros cometidos por seus membros, tal qual o que a aliança oposição- mídia tenta imprimir ao Partido dos Trabalhadores, revelando-se um claro ataque tanto à instituição quanto ao projeto politico em curso no país, e ainda, tornar possível o prolongamento da tensão politica pré-eleitoral, que tem como horizonte em curto prazo a desestabilização do governo; e em médio prazo, o comprometimento do desempenho da legenda nos processos eleitorais futuros, em especial o de 2018, onde a sombra de Lula perturba a aliança antipetista, tornando-o seu alvo preferencial.

O Partido dos Trabalhadores tem no seu 5º Congresso, em Junho, um espaço fundamental à construção de estratégias que viabilizem o fortalecimento da democracia e das reformas populares capazes de garantir uma repactuação do partido com o campo popular, agenda que certamente contará com o apoio fundamental dos milhões de trabalhadores e trabalhadoras, que constituem a base social do partido. Tais ações certamente fortalecerão a luta contra o avanço do campo conservador e seus ataques sistemáticos ao projeto democrático e popular em curso no pais.  

O desafio está posto.